sábado, 30 de abril de 2011

Responsabilidade!

     Somos responsáveis pelos problemas sociais que vivenciamos? Podemos resolvê-los? O que podemos fazer para amenizar tantas diferenças a nossa volta?
     Quando ingressei no magistério não tinha a dimensão social do profissional da educação, hoje penso que apesar de fazer tudo que está ao nosso alcance, fracassamos.  Cada vez que não conseguimos inserir um aluno na aprendizagem, quando um aluno chega à sétima série do ensino fundamental sem saber ler e escrever, fracassamos.
     Mas esse fracasso é só nossa responsabilidade? Muitas vezes pensei que sim, mas quando a família é desestruturada e não se importa com seus filhos o nosso fracasso é amenizado, pelo menos é melhor pensar assim.
     Mas porque as famílias são desestruturadas? A sociedade está falida. Essa é a única maneira de explicar os absurdos que escuto das famílias que atendo. Claro que não são todas, mas dependendo da comunidade a qual a escola está inserida a falência é maior ou menor.  
    Então me pergunto: qual é a nossa responsabilidade social?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Dia Complicado!

Como um dia normal de trabalho tem se tornado em dia complicado, difícil? Talvez seja pelos problemas que atualmente estamos enfrentando na escola.
        Nunca pensei em chamar uma mãe porque a criança estava muito mal e receber como resposta “não posso fazer nada estou no trabalho e não tem como ir”, e onde está o pai? Como sempre foi embora, não tem ninguém que possa vir até a escola.
       Mais tarde uma professora batendo boca com aluna de igual pra igual, nossa não dá mais pra manter essa situação.
       O que acontece com a educação pública? Porque os professores estão tão desgastados? Uma das explicações é o não entendimento por parte de todos da progressão continuada (juntando a sua falta de estrutura), do ECA que só de mencionar todos se arrepiam, do abandono das famílias, da falta de perspectiva de melhores salários, da falta de um plano de  carreira do magistério...
     É acho que essas são apenas razões bem simplificadas do fracasso de nossa educação pública.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Falta de Professor!

     Anos atrás quando ia à reunião de diretores muitas vezes disse que chegaria o dia que não teríamos professor na escola pública. Exagero?  Pessimismo? Não experiência administrativa, visão de futuro.
     Estava certo que isso iria acontecer, péssimos salários, péssimas condições de trabalho, superlotação das salas de aula, e tudo mais que sucateia a educação pública. Hoje na escola que administro a mais de 15 anos vejo isso claramente, o ano passado foi falta de professor de matemática e geografia, este ano as aulas estão totalmente atribuídas o que não significa que está tudo bem. Alem do despreparo profissional todo dia falta professor, em média quatro no período do ciclo II, e aí o caos. Os agentes de organização escolar que cuidam dos alunos não estão preparados, mal qualificados e pessimamente pagos não cuidam direito nem mesmo de uma tartaruga, imagine os alunos de 10 a 15 anos?
     Mas os professores o que acontece? Porque faltam tanto? Ora com todo o stress da profissão e com o valor da hora aula às vezes fica mais barato faltar. Não acreditam? Então procurem saber, façam uma pesquisa. Vejo isso todo dia, e as desculpas são as mais incríveis, fui levar o cachorro no veterinário, pneu furou, ônibus atrasou etc. Só que na escola particular ou na prefeitura não falta claro o desconto é maior, quanto é a hora aula lá? Bem maior que no estado.  
     Não culpo o professor por isso, nem poderia afinal eu mesma muitas vezes tenho vontade de pegar minha bolsa e ir embora e acho que vou acabar fazendo isso antes de ficar mais estressada e doente afinal já tenho meu tempo ratificado. Estava contando com a mudança de governo esperando aumento, reestruturação salarial, plano de carreira, aliás, tudo que sempre é prometido, mas acho que mais uma vez não vai vir mesmo.
     Ontem presenciei algo que achei que nunca fosse presenciar, um professor recém ingressado pediu exoneração! Bom professor que recebeu uma proposta de trabalho e salário bem melhor numa escola particular e não teve dúvida. Menino novo, que ainda tem tempo na vida pra trocar um cargo público, mal remunerado por um emprego com carteira assinada com melhor salário.  Qual a vantagem? Pra começar melhores condições de trabalho, menor número de alunos por sala, respeito profissional e no final de carreira um fundo de garantia pra uma terceira idade mais amparada. Tudo que não se tem na escola pública!
    

domingo, 17 de abril de 2011

Vida de Casados!

     Ninguém é de ninguém! Dormindo com o inimigo! O perigo mora ao lado! O coração é terra que ninguém pisa! E tantas outras frases feitas! Acabei de assistir um filme “vida de casados” em que todas as frases aqui escritas são verdadeiras.
      Fui casada por vinte anos com um homem que conhecia tão bem, que amava tanto, que me cegava, somente depois da separação pra variar por mais uma traição, pude perceber o quanto estava enganada.
     Nunca o conheci na verdade e provavelmente ele também nunca me conheceu, afinal quem sabe o que se passa na cabeça ou no coração do outro, o casamento é uma soma de interesses, conquistas materiais, filhos, sexo, etc.
     Hoje depois de quatro anos de divórcio estou tão certa do que sou, quero e penso que não consigo mais me ver morando no mesmo teto com ninguém, é certo que é bom namorar, ter alguém pra sair, conversar, viajar, mas depois, cada um pro seu canto.
     Como é bom se sentir dona da sua vida, não esperar por ninguém nem por nada pra ser feliz, cheguei à conclusão que eu me basto, me amo, sou inteligente, importante, maravilhosa!


sábado, 16 de abril de 2011

Conquistas!

     As conquistas da nossa vida muitas vezes dependem de longos períodos de perdas e dissabores, mas, quando elas acontecem, nossa, que felicidade!
    Na minha vida tudo foi fruto de muito trabalho, desde muito cedo. Me lembro de ter dez anos de idade e já trabalhar marretando na feira, nossa, que coisa antiga “marretar”, muitos nem sabem o que é isso, explico: é vender coisas sem a devida licença, no meu caso, chinelos. Minha mãe preparou um saco de farinha alvejado que eu colocava na frente de uma barraca de roupa de uma feirante vizinha e punha chinelos sobre o pano branquinho e vendia, nem sei onde minha mãe comprava aqueles chinelos artesanais para eu vender, acho que era de uma parenta que os confeccionava, foi assim que comecei minha longa carreira de trabalho.
     Trabalhei também repondo mercadorias nas prateleiras em um pequeno mercado de bairro, já com 12 anos, depois entrei numa tecelagem empacotando roupinhas de bebê, fui promovida a arrematadeira (cortava linha das costuras das roupinhas), espuladeira (colocava os carretéis na máquina para encher de lã para as máquinas de tecelagem) e finalmente tecelã.  
     Depois disso, fui aprender corte e costura, pois era preciso fazer as roupas da família era mais barato e como irmã mais velha lá fui eu, costurei durante muitos anos pra família e pra rua toda, assim ficava em casa onde cuidava das irmãs mais novas e minha mãe se dedicava integralmente a Ana, irmã deficiente auditiva.
    Quando entrei na faculdade consegui trabalhar num emprego de meio período no antigo Banco Econômico e fiquei lá até começar a dar aulas para o supletivo em uma escola particular, durante dois anos fui uma espécie de professora eventual, quando faltava o professor eu ia pra classe e perguntava aos alunos se eles estavam com alguma dificuldade em algum conteúdo e então explicava o assunto que sempre recaia na matemática, ainda bem que sempre fui boa na matéria.
     Em março de 1980 comecei a dar aulas de ciências e biologia em escola pública, em 82 me efetivei, em 86 fui convidada pra ser assistente de diretor e em 88 me tornei diretora efetiva do Estado de São Paulo! Nossa, que vitória pra uma menina pobre de pai que só tem o quarto ano e mãe analfabeta.
     Hoje sou uma mulher divorciada com dois filhos que valem ouro, uma garota que está no quarto ano do curso de ciência da atividade física na USP e um garoto no segundo ano de jogos digitais na Fatec, nossa que conquista!
     Agora, estou em ritmo de espera, já com a liquidação de tempo publicada estou esperando um pouco pra ver se o governo acorda e melhora o nosso salário, pois sei que depois serei simplesmente uma aposentada e o salário de aposentado não aumenta nunca, não é mesmo?
    Tenho o grande sonho de me aposentar e viajar, conhecer e rever lugares do Brasil, talvez alguma viagem internacional, gostaria de conhecer a minha terra, porque embora brasileira desde os quatro anos, nasci em Portugal. E quem sabe se essas serão minhas próximas conquistas?

sábado, 9 de abril de 2011

Casa na Praia, sonho ou pesadelo?

Normalmente a pessoa tem vários sonhos na vida, uma casa própria, um automóvel e uma casa na praia. Mas, muitas vezes se torna pesadelo, quando alguns anos atrás junto com o ex marido comprei uma casa na praia, realizei um sonho!?
     Logo a casa se tornou um pesadelo, primeiro foram os vários consertos que tiveram que ser feitos, depois os arrombamentos, mas o pior foi às visitas, e nossa como vinha gente, e sabe como é nenhuma mulher sabe cozinhar direito, e lá ia eu pro fogão, depois do almoço ou jantar o povo normalmente tirava um cochilo e lá ia eu pra pia. Muitas vezes meu ex queria fazer bonito pros outros e comprava um monte de coco e lá ia eu ralar e fazer cocada pra dar pros amigos, vizinhos e quem mais encontrasse pela frente.
     É, casa de praia é muito bom pros outros, nunca foi pra mim nem mesmo depois da separação, pois como a casa estava no nome dos filhos adivinha quem ficou com a incumbência de cuidar do patrimônio? É pagar imposto, caseiro, calçamento da rua e tudo o mais.
     Mas, enfim a casa se tornou um sonho, acabamos de vendê-la, na verdade não foi bem uma venda, mas conseguimos nos livrar do pesadelo e agora fica a alegria, pois casa na praia são duas alegrias: quando se compra e quando se vende!
            

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Massacre na Escola!

       O massacre que aconteceu hoje na escola municipal Tasso da Silveira,
em Realengo no Rio de Janeiro, me deu medo chegamos ao fundo do poço. Faz tempo que reclamo da falta de segurança na escola pública me sinto completamente a mercê da sorte quando chego à escola, pois não temos nenhuma proteção. Nenhum controlador de fluxo, nenhum segurança escolar, nada. Quando precisamos da ronda escolar ela chega normalmente com atraso, quando vem.
     Será que agora as autoridades vão pensar com mais carinho nas vidas que se arriscam diariamente na escola (alunos, professores, funcionários, gestores, pais)? Ou ainda é preciso de mais ataques a inocentes para que se pense seriamente na segurança escolar?
     A escola pública esta ao Deus dará, já passou da hora de se pensar nesse assunto.
    

terça-feira, 5 de abril de 2011

Trabalho ou Aposentadoria?


     Quando se tem anos de trabalho (e põe anos nisso) temos medo da aposentadoria, mas quando a nossa profissão é muito estressante, mal remunerada, pouco valorizada (magistério público) chega uma hora que temos que optar antes de ficar doente ou pior morrer antes da hora.
     Estou pensando seriamente no assunto, hoje foi um dia daqueles, uma reunião com pais de uma classe de comportamento difícil, pra variar os pais que precisavam comparecer não deram as caras, funcionários faltaram, professores que chegaram ao limite e não dão conta mais da classe e te chamam a toda hora, pais que vão à escola pra reclamar nem sabem de que, crianças brigando todo o tempo.
     E depois de tudo, vamos ver o holerite do mês, pois é não se tem incentivo pra continuar...  

domingo, 3 de abril de 2011

O Domingo...

     Passamos a semana esperando o domingo, vamos sair? Vamos almoçar fora? Vamos ao shopping? Vamos visitar parentes? Não vamos ficar em casa mesmo, precisamos arrumar algum armário, o quarto, a cozinha, ou simplesmente fazer um almoço diferente para os filhos, hoje me pediram strogonoff e la fui eu pro fogão.
     Faz tempo que não cozinho aos domingos perdi o gosto pelos afazeres domésticos quando me separei, passei anos fazendo tudo que uma dona de casa faz (lavar, passar, cozinhar, limpar, fazer artesanato) cuidando das crianças e trabalhando fora. Hoje sei que me violentei todos esses anos, na verdade não gostava de ser dona de casa, sempre gostei do trabalho e não dos afazeres domésticos.
     Agora só faço o que realmente gosto, passo a semana trabalhando na escola e nos finais de semana vou ao shopping, cinema, casa de amiga, de família, etc. e só vou pra cozinha por um pedido especial dos meus filhos.
     Não me violento mais, não faço mais nada pra agradar ninguém só faço o que me agrada, que felicidade! 


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Castigos Físicos...

     Acabei de ler uma crônica publicada na revista Isto É nº 2159 de Zeca Baleiro a respeito de castigos físicos. Achei interessante a abordagem do tema, pois como diretora de escola, presencio cada barbaridade que às vezes penso estar sonhando. Quando temos uma criança com problema de comportamento e/ ou aprendizagem chamamos a família para verificar o que acontece. Saber se existe problema de saúde, psicológico, familiar ou qualquer outro que esteja afetando a criança e assim poder estabelecer estratégias tais como encaminhar para médico, psicólogo, etc.. ajudando a criança na sua aprendizagem.
     Mas, sempre escuto uma mãe dizer não posso mais com ele, manda pro conselho tutelar. Quando digo vou ter que encaminhar o caso a vara da infância e a mãe me respondem tomara que o juiz mande pra “FEBEM”, tenho a certeza que estamos chegando ao fundo do poço. Como mãe, não sou adepta a ao castigo aplicado aos filhos com a idéia de educar, mas a falta de imposição de qualquer regra, limite e dever a um filho estão gerando uma geração do “tudo posso”, e isso tem deixado as famílias completamente perdidas no que se refere à educação um filho.
Notem que atendo a mãe porque a grande maioria das famílias é chefiada por mulheres, pois o pai foi embora, ou cada criança é de um pai diferente, ou o pai está preso, ou o pai é ausente mesmo. Sempre sobra pra mãe...